26 setembro 2006

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De acordo com as mais reputadas enciclopédias do conhecimento humano, hoje é o meu dia de anos.

Manda o mais corriqueiro dos compêndios de lugares-comuns aplicados à etiqueta que alguém que faça anos se manifeste efusivamente ao longo de um dia inteiro, não sendo de bom tom qualquer demonstração que não seja da mais histriónica alegria. Faço a minha parte escrevendo estas linhas.

A única coisa que verdadeiramente desejo é que termine aqui, neste preciso instante, o pior ano profissional e, por arrasto, pessoal de que consigo lembrar-me.

Manifestações de chacota, solidariedade, alento ou desprezo podem ser feitas com o recurso ao endereço espelhado no topo do blog.

E isto não é do meu ouvido, mesmo sendo 1 pouco mouco.

19 setembro 2006

O Bruno legisla

Adoro este gajo. Felizmente, ele sabe disso.



Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

Monarquia ambulante



Gosto muito de autocolantes. Ou, para usar um linguajar mais street/fashion, gosto muito de stickers. Ainda ontem comprei um capacete para andar de bicicleta e só descansei quando o vi abundantemente abrilhantado por uns quantos autocolantes.

Reparo normalmente nos autocolantes que se exibem na parte traseira dos automóveis. Dos mais espirituais aos mais mundanos, dos esteticamente apelativos aos absolutos homicídios do bom gosto. O problema desses autocolantes é serem duradouros, terem uma natureza estática, não evolutiva nem transformista. Os autocolantes deviam variar com o estado de espírito. É por isso que defendo a ideia de que os carros deviam vir equipados com um visor de leds vermelhos, tipo talho, em que o condutor passa mensagens para quem o rodeia. É muito mais eficaz e literário do que um dedo em riste.

Voltando aos autocolantes, muitos se lembrarão do flagelo que há uns anos se abateu sobre o parque automóvel português na forma de um rosto feminino em branco, preto ou encarnado. Era a imagem de uma discoteca em Benidorm, Ibiza, ou coisa que o valha, mas que importância tem isso? Se alguém teve a ousadia de considerar o objecto como algo de valioso, nada como imitar o nosso vizinho nessa cruzada.

Há, no entanto, uma tormenta mais resistente e duradoura do que a protagonizada pela Penélope. São os autocolantes com a imagem monárquica na traseira dos automóveis. Não há, com toda a certeza, quem nunca os tenha visto. Haverá, no máximo, quem nunca lhes tenha prestado atenção, o que se compreende perfeitamente dada a irrelevância do assunto. O que fascina é a motivação agregada ao acto de colocar semelante imagem junto à inestética matrícula normalizada. Tratar-se-á de uma espécie de "Quer ser brasonado? Pergunte-me como", digo eu. Ou de uma orgulhosa demostração de fervor clubístico: "Alista-te!". Ou mesmo da propagação da fé: "O Rei salva!". Talvez até da subtil expressão de um desejo: "Queremos Sá Pinto de novo na selecção!". Por uma qualquer razão, tenho sempre medo de olhar para quem conduz uma viatura ornamentada com um desses autocolantes. Sabe-se lá se não vão querer vender-me alguma coisa.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

15 setembro 2006

Sol

Obviamente, ainda não vi nem li o Sol, o novo jornal semanário dirigido pelo ex-director do Expresso. Mas acabei de ver com alguma atenção o seu logotipo.

Acredito que existam no Sol coisas que me interessam e outras que, mesmo não me interessando patavina, sejam bem feitas. É por isso com algum pesar que constato que o logotipo do Sol, a imagem com que faz a sua identificação, é uma coisa medonha.

Primeiro, e em termos puramente funcionais, porque o logotipo de um jornal perde toda a credibilidade quando simula a escita à mão. Depois, e numa apreciação puramente estética, não é fácil imaginar qualquer coisa pior do que a mistura entre a propaganda turística ibérica, a azulejaria portuguesa e o toque cromático de um Van Gogh de décima categoria.

Mas isto pode ser do meu olho, que é 1 pouco vesgo.

Transistor Patuá #1



As minhas débeis exibições na Química FM não começaram hoje, mas hoje, sexta-feira, nasceu um filho particularmente querido. Chama-se Transistor Patuá, é dedicado à música jamaicana, sobretudo velha, e vai para o ar sábado entre as 16h00 e as 18h00. Em 105.4 na Grande Lisboa.

Mas a gravação do primeiro Transistor Patuá foi desastrosa. Foi, digamos, igual ao resultado do encontro de duas equipas de rugby e seus respectivos autocarros numa loja de cristais de seis metros quadrados. Um dos leitores de CDs tomou-se de vida própria e tratou de embicar em praticamente todos os discos que leu. O próprio autor do espaço radiofónico trocou com alguma insistência uma série não muito extensa de botões. Houve, para aí, uns cinco recomeços.

Assumido o facto de que Transistor Patuá entrará na História pelo seu início dramático, informo que a emissão de sábado, 16 de Setembro, teve um alinhamento musical em tudo idêntico a este:

Delroy Wilson: "I Don't Know Why"
Claudette McLean: "Give Love Another Try"
Burning Spear: "Swellhead"
Sound Dimension: "Bitter Blood"
Max Romeo: "My Jamaican Collie"
Johnny Osbourne: "We Need Love"
Sugar Minott: "Try Love"
Sly & Robbie: "Herb"
Horace Andy: "Ital Ites Dubwise"
Augustus Pablo "Satta"
Tenor Saw: "Ring the Alarm"
Anthony B: "My Hope"
The Maytals: "Pressure Drop"
Don Drummond: "Confucious"
Winston "King" Cole: "Black Magic Woman"
Dennis Alcapone: "Number One Station"
Big Youth: "Cool Breeze"
Jackie Mittoo: "Drum Song"
Lloyd Williams: "Reggae Feet"
Barrington Levy: "Here I Come"
Dandy Livingstone: "Rudy, a Message to You"
Gregory Isaacs: "Mr. Tambourine Man"
King Tubby & The Aggrovators: "Knock Out Punch"
Brentford Road All Stars: "Last Call"
KC White: "No No No"
Alozade and Hollow Point: "Under Mi Sensi"
Alton Ellis: "I'm Just a Guy"
Cornell Campbell (with The Brentford Rockers): "Natty Don't Go"
Horace Andy: "Money, Money (The Root of All Evil)"
Randy's Allstars: "Mission Impossible"
Michigan and Smiley: "Rub a Dub Style"
Winston Matthews: "Sun is Shining"
The Wailers: "Simmer Down"

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

01 setembro 2006

Sempre o Jorge

Não constitui grande novidade o facto de o signatário destas linhas ser amigo, camarada e leitor deliciado do Jorge Manuel Lopes.

É um dos poucos jornalistas / críticos / analistas / pensadores / o-diabo-a-quatro ainda vivos na moribunda seara da comunicação sobre cultura em Portugal.

Mas há sempre quem não (re)conheça as pessoas e as obras que realmente importam. Por isso mesmo, destaco desta vez a entrevista que concedeu a propósito de um trabalho universitário e que me apetece passar a citar sempre que me for colocada a questão "que conselhos dá a quem agora se inicia no jornalismo musical?". Aqui está.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.