26 abril 2006

Onanismo mental

Narciso

O autor deste humilde blog não é, nem em público nem em privado, especialmente dado a momentos de auto-contemplação. Tem-nos muito raramente, quando uma qualquer combinação astral, aliada a um momento específico da tabela de marés, faz crescer no Burundi pimentos azuis. Ontem, além de ter sido 25 de Abril, de Cavaco Silva ter tido a coerência de não usar um cravo vermelho e de ter feito um discurso conceptualmente socialista, deu-se um desses milagres de auto-contemplação.

Foram diversos os órgãos de informação que, na segunda-feira, com inteira justiça mas quase insuperável surpresa (minha) investiram tempo e espaço a discorrer sobre o assunto do post anterior, o passamento do Blitz e a génese da Blitz. Por um acaso igual a muitos outros acasos, passei ontem os olhos pelo Diário de Notícias dessa segunda-feira, 24 de Abril, por sorte ainda viçoso, não amarelado. Para, na secção Media, encontrar uma página inteira dedicada à morte e ressurreição anunciada do e da Blitz. A prosa é assinada por Ana Pago. Felizmente. Porque, diz-me a memória, não a conheço.

Além de um texto principal que, com base em declarações do actual director do congelado, retrata com assinalável rigor e síntese o processo de reestruturação em curso, encontra-se ainda uma caixa que esmiuça a edição especial de 20 anos do finado jornal, três sucintas declarações de gente ligada à música sobre o dito e um resumo cronológico de 21 anos (e não 22, como se tem dito e escrito) de publicação semanal de um manancial de música e cultura jovem. E é aí, nos três apêndices da prosa principal, que encontro razões para alimentar um certo orgulho. Desculpai o leitor, mas é a imaculada verdade.

Sem aqui reproduzir o conteúdo da caixa titulada "A edição especial que celebrou 20 anos do jornal", assimilo o prazer de ter sido o director que inscreveu então o seu nome na capa da publicação. Numa das declarações recolhidas, Zé Pedro, músico dos Xutos & Pontapés que aviso ser dos amigos com que 12 anos de trabalho me presentearam, tem ao lado da sua fotografia o seguinte excerto: "O músico sublinha o trabalho desenvolvido sob a direcção de Pedro Gonçalves, que teve a ideia de lançar os primeiros discos com o jornal. 'Uma novidade'". Na tal tabela cronológica, por seu turno, há uma entrada dedicada ao ano de 2003 que assim reza: "Pedro Gonçalves assume a direcção do jornal, dando início a uma etapa carregada de novidades e ideias na história da publicação". Assim de repente, num feriado solarengo, apanho com isto e penso que Cavaco Silva, se actualmente ler jornais, condecorar-me-á num destes dias.

Depois, ao fazer contas de cabeça, perco por completo o Norte ao sentido que tudo isto tem. Se a lógica ainda tiver alguma lógica, tenho alguma dificuldade em perceber por que razão espera desde Agosto de 2005, após breve passagem por uma multinacional de mercearias culturais, o visado no parágrafo anterior (eu, yours truly) pela gentileza da Segurança Social para assegurar sustento através do benemérito Subsídio de Desemprego. Há que amar um país assim, idiossincrático e bizarrro, quando os que nos rodeiam estão há muito normalizados.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

24 abril 2006

1984-2006

O semanário Blitz morreu oficialmente hoje, conforme previamente anunciado. Como ex-director e herdeiro de uma forma única de fazer jornalismo cultural, não posso deixar de considerar este um dia triste, o dia em que a ausência começa.

Respondida que está a secular questão - "Quem um dia será/serão os coveiros do Blitz?" -, permanece apenas a dúvida sobre a capacidade dos ditos em erguer o ambicioso projecto de revista mensal. É que nunca se sabe, como aconteceu com este humilde servente, quando aparece alguém "topo-de-gama" a sugerir que se faça incluir algo como os "Ídolos" na publicação.

Que o Blitz descanse em paz.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

23 abril 2006

Assim riem-se todos...

Jorge Lima Barreto

O jornal 24 Horas está, como se sabe, permanentemente na vanguarda da comunicação escrita para gente nada exigente. Como estão pasquins do género sediados no epicentro da imoralidade jornalística, as terras conhecidas como Reino Unido. Vai daí, nunca o 24 Horas deixaria passar a oportunidade de juntar uma revista colorida às numerosas que já poluem as bancas há alguns anos. Não é de hoje, mas o 24 Horas ao sábado é uma coisa especialíssima, muito pouco de jornal e tudo de revista descartável (e nem necessário é citar rubricas como as assinadas por Belas & Perigosas ou Carlos Dias da Silva).

Esta prosa tem origem no 24 Horas, mas não se lhe dedica. Vem a propósito do editorial, a que chamam "Notas Ligeiras" (que também diz muito sobre a publicação), que esta semana o director Jorge (perdão, Pedro) Tadeu escreveu para fazer um mea culpa com 20 anos de atraso em relação a uma entrevista realizada a Jorge Lima Barreto e Vítor Rua, mas sobretudo a Jorge Lima Barreto. Diz Tadeu que, ao publicar a entrevista, chamou sistematicamente "steak" (bife) e não "stick" (pau) a um instrumento novo que Vítor Rua andaria a experimentar. Desculpável, quando nos lembramos de casos como uns tais Very Light fazerem a primeira parte de um concerto dos GNR ou as "bass lines" traduzidas por "linhas de base". Ainda que não se perceba o acto de contricção de Jorge (perdão, Pedro) Tadeu (o tema de capa são as maiores broncas na televisão, talvez seja essa a ligação...), não é grave.

O que é curioso é que, a dada altura, escreve Jorge (perdão, Pedro) Tadeu: "Com Jorge Lima Barreto não se pode ter uma conversa simples e desapaixonada. O fulano é uma inteligência superior e cultiva o estatuto de provocador profissional. Virou-se para o ignorante jornalista e fuzilou-o com uma conversa enciclopédica sobre música minimal repetitiva, música mimética, música concreta, música funcional, música totalmente improvisada, música electro-acústica, eu sei lá!...". Descontado o facto de crer este vosso servente não ser possível manter com Jorge Lima Barreto uma conversa de todo, Jorge (perdão, Pedro) Tadeu não podia descrever melhor a personalidade que lhe havia tocado em sorte. A camaradagem profissional faz-me, no entanto, tirar o director do 24 Horas deste estado miserável de auto-compaixão e explicar-lhe que também Jorge Lima Barreto dá as suas "broncas". Algumas bem boas, daquelas que se mastigam com insuperável intensidade.

Há uns anos consideráveis, eu próprio fui alvo da fúria enciclopédica de Jorge Lima Barreto e também por via de um trabalho jornalístico que me mandaram fazer para o Blitz. Actuaram em Lisboa os Grandmothers of Invention, a já vetusta banda que outrora acompanhara Frank Zappa. Um espectáculo dos utentes de um lar de idosos não teria sido muito diferente, não fosse a presença do falecido Gonçalves (performer espontâneo dos Irmãos Catita), e era suporto sair dali com uma reportagem. Foi o que fiz, escrevendo no final da dita que não tinha qualquer interesse em ouvir os discos de Frank Zappa. Foi o suficiente. Jorge Lima Barreto, presente no concerto como espectador, não quis acreditar em semelhante despautério e escreveu ao então director do Blitz, Rui Monteiro, dando conta da minha imbecilidade, por outras palavras. Na missiva, entre elocubrações sem muito interesse para o cidadão comum, aprendi mesmo uma palavra: plumitivo. Cheguei a pensar ser insulto grave, até consultar o dicionário. Fazei o mesmo.

Obviamente, Jorge Lima Barreto passou a ocupar um lugar especial no meu coração, homem de figadal reacção ao facto de um jovem plumitivo não querer, e assumi-lo com arrogância, chegar sequer perto da música de Frank Zappa. Afinal, a criação e o consumo musicais são mais viscerais do que cerebrais, pelo menos vistos daqui. Isso é bom, é humano, é até contrário à mecanização das "leis do mercado". Este limbo intelectual e enciclopédico de Jorge Lima Barreto desvaneceu-se diante de mim alguns anos depois, para alegria do agora confessado Jorge (perdão, Pedro) Tadeu.

Avisado da capacidade de Barreto para escrever livros como Musa Lusa, quis a dada altura conhecer uma obra de nome B-Boy, em que, como o próprio nome indica, se traçava vagamente uma história da cultura hip hop. Numa estada no Porto, visitei a loja Valentim de Carvalho do Shopping Cidade do Porto, onde trabalhava um amigo, músico português dedicado à electrónica. Entre diversas outras coisas, perguntei-lhe pelo citado B-Boy, cujo paradeiro me foi apontado prontamente apontado. Perguntei-lhe, em tom irónico por não ter o hábito de tomar semelhante iniciativa, se um livro com uma capa tão hedionda não daria direito a desconto na caixa. A resposta foi um post-it colado na capa com uma mensagem para a menina à saída: "O portador deste livro de anedotas é jornalista. Fazer o desconto possível".

Quis saber a origem da expressão "livro de anedotas". Disse-me então o músico que ele próprio havia sido visado na obra com uma análise ao seu primeiro álbum. E que Jorge Lima Barreto havia, a esse propósito, assegurado que tinham sido usadas máquinas e instrumentos que nunca passaram pelas mãos do autor do disco. Vim, com a leitura da grotesca adulteração da História da Música ali contida, a deparar-me com preciosidades como a afirmação de que o hip hop havia nascido a partir do tecno e a atribuição do estatuto de DJ a Tricky, que todos conhecemos por ser tudo menos isso. Com o seu saber enciclopédico, reconhecido e aplaudido noutros domínios, Jorge Lima Barreto demonstrou cabalmente quais os resultados de escrever sobre aquilo de que pouco ou nada se sabe.

O que me leva também a recordar o dia em que, em entrevista a David Byrne, lhe questionei se tinha conhecimento e participação na biografia que um jornalista português estava então a escrever a seu respeito. Disse-me que não, que cria ter falado com o jornalista numa conferência de impresa, no máximo, mas que não sabia nada sobre o assunto. Publicada a entrevista, ficou o referido jornalista muito incomodado com a aparente queda da máscara. Novamente, a questão de falar do que não se sabe ou fingir saber-se mais do que o que se sabe. Por estas e outras, camarada Jorge (perdão, Pedro) Tadeu, durma descansado. As barbaridades, ou "broncas", como lhes chama, vêm de todo o lado. Um dia partilho consigo um "best of" das minhas.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

20 abril 2006

Sindicato dos Jornalistas

Por razões diversas, entre elas uma quase epidérmica aversão ao corporativismo, nunca pertenci a qualquer sindicato. Na realidade, só a um poderia com lógica pertencer, mas nem esse, até hoje, libertou em mim a urgência justiceira que com alguma frequência se instala.

Isso não obsta, no entanto, a que reconheça no Sindicato dos Jornalistas ao longo dos anos o mérito de efectivamente trabalhar em prol dos que a ele se associam, mesmo quando as acções desempenhadas possam não parecer mais do que simbólicas. O Sindicato dos Jornalistas, assim parece, está em boa medida muito mais preocupado em preservar valores e códigos veteranos porém prementes do que boa parte da classe que hoje junta letras com a mesma convicção de quem pesa laranjas no Continente.

Por isso mesmo, apetece-me desta vez salientar a rejeição do Sindicato dos Jornalistas em fazer parte dessa sinistra entidade recentemente pensada e que responde(rá) pelo nome de Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). E aplaudir, e colocar-me ao lado de quem não se sente confortável com a presença, sobre os ombros, do ignorante fantasma do controlo. Para isso já bastam, na maior parte dos casos, os fantasmas dos detentores do capital dos meios de comunicação.

Aqui fica o comunicado do sindicado, tornado público há dois dias:

"SJ rejeita lugar no Conselho Consultivo da ERC

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) não ocupará o lugar que lhe cabe no Conselho Consultivo da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) por discordar do modelo legislado para aquele órgão, mas está disponível para prosseguir a cooperação que manteve com a extinta Alta Autoridade para o sector - informa o SJ em nota à imprensa divulgada hoje, 18 de Abril.

Segundo o SJ, no encontro realizado a 12 de Abril a convite do Conselho Regulador da ERC, a Direcção do Sindicato reafirmou as suas críticas quanto à composição e forma de designação dos membros do órgão regulador, e explicou que não aceita participar no Conselho Consultivo por este ser um órgão "efectivamente destituído de funções próprias", cuja composição se encontra "inaceitavelmente desproporcionada", com oito representantes do poder económico, cinco do Estado e apenas um dos jornalistas.

Apesar da posição crítica e da sua intenção de prosseguir a luta por alterações à lei da Entidade Reguladora, o SJ está aberto à discussão conjunta dos problemas do sector, tendo apresentado um conjunto de temas que deverão ser objecto de concretização mais aprofundada nas relações que pretende manter com a ERC.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

SJ recebido pelo Conselho Regulador da ERC

A convite do Conselho Regulador, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) foi recebida, no passado dia 12, por aquele órgão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

No encontro, o SJ explicou as suas posições sobre a criação da ERC, especialmente quanto à sua composição e à forma de designação dos seus membros.

A Direcção transmitiu a disponibilidade do Sindicato dos Jornalistas para prosseguir, com a ERC, a cooperação que manteve com a extinta Alta Autoridade para a Comunicação Social, na apresentação de casos susceptíveis da sua intervenção e na discussão de problemas do sector.

O SJ está disponível para reuniões bilaterais e para participar em iniciativas da ERC, incluindo reuniões com os restantes parceiros do sector, apesar da sua discordância sobre o modelo de "conselho consultivo" legislado motivo pelo qual o SJ não ocupará o lugar que lhe cabe naquele órgão.

O SJ considera que o Conselho Consultivo criado no âmbito da ERC é um órgão efectivamente destituído de funções próprias e que a sua composição se encontra inaceitavelmente desproporcionada.

De facto, enquanto a lei da ERC atribui à representação dos jornalistas apenas um lugar, consagra a participação directa e indirecta das empresas através de quatro lugares e atribui número idêntico à publicidade, conferindo um peso de oito lugares ao poder económico – três lugares mais do que ao Estado.

O SJ comunicou ao Conselho Regulador que vai continuar a trabalhar no objectivo de alterações à lei da ERC, especialmente quanto à composição e competências do Conselho Consultivo.

No encontro, o SJ apresentou os seus pontos de vista sobre os principais problemas do sector, designadamente:

• Concentração da propriedade dos meios de informação, expressando o receio de que esta venha a agravar-se;

• Desregulação em muitas empresas, com a violação de elementares regras legais e a persistência de fenómenos de precariedade que constrangem a liberdade de expressão;

• Efeitos das novas práticas do marketing e da publicidade na autonomia editorial dos jornalistas;

• Censura económica de que se sentem alvo vários órgãos de informação regional por parte de autarquias locais;

• Direitos de autor dos jornalistas, que fazem parte do anteprojecto de revisão do Estatuto do Jornalista.

Os temas acima enunciados deverão ser objecto de concretização mais aprofundada nas relações que o SJ pretende manter com a ERC.

Lisboa, 18 de Abril de 2006

A Direcção"

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

18 abril 2006

Maio Trinchado Maio

A Naifa_Porto e LX

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

"And her hearing aid started to melt..." Vol. XIV

Sonotone do dia:

DFA Remixes Chapter 1

Vários: The DFA Remixes Chapter One (Março 2006)

Veredicto:

Algo que os anos mais recentes me conseguiram fazer temer é toda a criação musical a que se associa o termo electro, surja ele como prefixo, sufixo ou orgulhosamente só, o que é invariavelmente mais assustador. O caso é assim um pouco como o que. lá pela década passada, no domínio da electrónica, surgiu como adjectivo para muitos melómanos: intelligent. São, efectivamente, coisas que assustam, que fazem temer pela saúde colectiva. Curioso se torna, portanto, que a propósito de The DFA Remixes Chapter One brote na gente uma vontade quase irresistível de juntar os dois termos. Resistirei. James Murphy e Tim Goldsworthy, os homens que respondem pela editora de onde este disco vem, misturam com real porém reservada inteligência cânones que vão do disco ao funk, do house ao... erm... electro. E isto com uma inegável sabedoria que advém do simples facto de a dupla conhecer, respeitar e interpretar com pertinência os passos que os géneros citados foram dando ao longo dos anos. Em The DFA Remixes Chapter One compilam-se nove das diversas remisturas assinadas pela DFA nos cinco anos de actividade e que apanham os nada desprezíveis nomes de Le Tigre, Blues Explosion, Chemical Brothers, Soulwax, Radio 4 (provavelmente a única remistura conhecida de "Dance to the Underground" que, em nove minutos, consegue não recorrer ao proverbial refrão), Fisherspooner, Gorillaz, Metro Area e Hot Chip. O que, por isso e pelo ouvido apurado de quem mexeu nos originais, faz com que uma compilação que à partida corria o risco de repetir-se até à náusea funciona afinal em modo festivo sem que os ouvidos se queixem por agressão, bem pelo contrario. 83,1% de satisfação garantida.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

11 abril 2006

Quiz

Manic Street Preachers

Protagonista de uma milionária transferência de última hora para uma equipa concorrente graças à já lendária irregularidade/displicência horária dos elementos que compõem o mítico combo TV Rural, voltou este excelso plumitivo a saborear a glória do triunfo no Quiz semanal organizado no Espaço Portela. Reconhecida pela maioria dos intervenientes como particularmente difícil, a edição desta segunda-feira restitiuiu a este servidor um lugar que, perdoai o leitor, lhe assenta particularmente bem e lhe sabe substancialmente melhor: o primeiro. Sob o título Reservado, o quarteto que integrei ficou duas respostas acima dos concorrentes mais directos e transportou consigo novo triunfal êxito sob cumprimentos generalizados dos demais participantes, É possível que o cenário surja neste momento vagamente empolado, mas a emoção da vitória é por vezes a mãe da inconsciência. No caso concreto, mais alargado teria sido o triunfo se soubesse o colectivo Reservado responder a questões que solicitavam o nome do invólucro de verguinha ou palhinha que protege os vasos de vidro, a capital das Ilhas Salomão ou o nome do arquipélago de ilhas coralinas que, no Índico, se situam a Norte de Moçambique. Mesmo do ponto de vista estritamente musical, o pleno ficou por atingir. Everything But the Girl e Manic Street Preachers foram, como soi dizer-se, limpar o cu a meninos, mas recordar o questionável título do segundo álbum a solo de Tim (Xutos & Pontapés) e identificar uma canção interpretada por uma/uns tal/tais TTO (queira o leitor conferir, que a paciência impede-me de momento de fazê-lo) mostaram-se tarefas impossíveis de cumprir. No fim, feitas as contas e superado o vago suspense, toma lá o primeiro lugar com 32 respostas certas. O dinheiro deu jeito para cacete.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

07 abril 2006

Pedro Gonçalves aka Boldfinger

Slang_Beat Diggin'

Não necessitando no momento presente de fazer novo alarido em torno da novel revista SLANG, talvez deva no entanto esclarecer que o colaborador que por lá consta como Boldfinger é não menos do que yours truly. Adiante.

Vem isto a propósito de um mail que hoje o Rui Miguel Abreu, da Loop Recordings, me enviou. Conforme sabe quem tem a revista, e quem a não tem deveria tê-la, foi o sinistro Boldfinger acompanhar três beat diggers a um inusitado espaço na periferia lisboeta à cata de vinil em segunda mão. Para disso fazer uma reportagem sobre algo que em Portugal permanece como um mistério para muita gente.

Com a sua amável permissão, aqui transcrevo um pedaço do mail:

"Olha, toma lá um artigo do guardian: http://arts.guardian.co.uk/filmandmusic/story/(etc. etc. etc.)

Tu fizeste primeiro!"

Descontado o prazer oriundo da obra parida antes da que pode ser lida numa das raras publicações que merece ser consumida nos dias correntes, vale no entanto a pena deixar aqui, em condições, a ligação para o artigo em causa, em que Dorian Lynskey se dedica à exploração jornalística dessa actividade. Pena é um título como "Rare Grooves" numa língua tão rica como a inglesa, mas mais uma prosa num generalista sobre este distinto labor sabe sempre bem.

Ora aí está: Rare Grooves.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

O que diria Bela Lugosi? "Beware..."

José António Saraiva

Noticia hoje a Meios & Publicidade:

"Semanário de Saraiva nas bancas a 16 de Setembro

Adriano Nobre
07 de Abril de 2006

O primeiro número do novo semanário de José António Saraiva vai chegar às bancas no dia 16 de Setembro. A data foi avançada ao M&P pelo antigo director do Expresso, confirmando-se assim que o novo título irá concorrer directamente nas bancas, aos sábados, com o semanário da Impresa Jornais. A divulgação dos restantes pormenores sobre o projecto (título, estrutura editorial e componente gráfica) foi remetida por Saraiva para a apresentação oficial do jornal, que será feita às agências de meios na semana seguinte à Páscoa.

De acordo com o responsável, definida está também a estrutura accionista que suportará o lançamento do projecto. “As negociações estão fechadas”, garantiu Saraiva ao M&P, escudando-se num “acordo de confidencialidade” para recusar confirmar o nome da entidade bancária e do empresário dos media que se associaram ao projecto. A constituição formal da sociedade está agendada “para finais de Abril”, altura após a qual serão divulgados publicamente os nomes em causa. Fica, desta forma, completo o processo formal de constituição de toda a estrutura inerente ao lançamento deste semanário, depois de no início de Março, conforme noticiou o M&P, ter sido registada a editora Comunicação Essencial Lda. Na escritura de constituição desta editora constam os nomes dos jornalistas que formam o núcleo editorial do projecto: Mário Ramires, José António Saraiva, Vítor Rainho e José António Lima. A estes juntam-se nomes ligados à área financeira como Manuel Reis Boto e António Frutuoso de Melo.

Relativamente à constituição da equipa redactorial para este semanário, Saraiva revelou que “para além do núcleo editorial, ainda ninguém está contratado”. “Só depois da constituição formal da sociedade entraremos no processo de contratações faseadas, não só de jornalistas, mas de todas as áreas necessárias para o jornal”, explicou. Entre estes, deverão ser contratadas “não mais de 15 pessoas” ao Expresso.

Ainda segundo Saraiva, “cerca de 90% da redacção deverá ser formada por jovens jornalistas, na sua maioria recém-licenciados”, aos quais se juntarão “o núcleo fundador e mais alguns jornalistas com maior experiência”. Depois de definidas as contratações dos jornalistas mais jovens, o mês de Junho será preenchido por “cursos de formação que transmitirão à redacção o enquadramento editorial” do projecto."

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

05 abril 2006

Barcelona 2 - 0 Benfica

Barcelona-Benfica

Justíssimo, mais do que óbvio e, ainda assim, uma triste desilusão.

Dito isto:

Obrigado Beto, pela técnica superior no primeiro golo.

Obrigado Petit e Anderson, pelo passe e pela inércia no segundo golo.

Obrigado Simão, pelo altíssimo nível demonstrado na única grande oportunidade.

Obrigado, verdadeiro, aos milhares dos nossos que lá estiveram para mostrar que há muito que somos infinitamente maiores que a equipa pela qual sofremos.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.