28 fevereiro 2007

Salada Mista Sem Tomate #1



NOTA: Esta emissão deixou de estar disponível online por limite de capacidade do servidor.

É verdade. Podia ser mentira, mas não é. Está gravada e disponível a primeira sessão de Salada Mista Sem Tomate, um podcast mais ou menos alternativo.

A coisa explica-se facilmente: se a rádio de hoje não me passa cartão, mais vale fazer algo que a rádio de hoje tem a menos. Refiro-me à militância, ao espírito das rádios piratas, à urgência de comunicar e divulgar.

Fica também o aviso: Salada Mista Sem Tomate é um podcast de periodicidade incerta. Vai-se fazendo e vai-se publicando. É uma questão de ir procurando por ele.

É este o alinhamento musical da primeira emissão:

1. The Good, The Bad & The Queen: "80s Life" (The Good, The Bad & The Queen, 2007)
2. Field Music: "A House is Not a Home" (Tones of Town, 2007)

3. Tokyo Police Club: "Citizens of Tomorrow" (A Lesson in Crime, 2007)
4. The Magic Numbers: "Take a Chance" (Those the Brokes, 2007)

5. The View: "Skag Trendy" (Hats Off to the Buskers, 2007)
6. Of Montreal: "Gronlandic Edit" (Hissing Fauna, Are You the Destroyer?, 2007)

7. Little Man Tate: "Man, I Hate Your Band" (About What You Know, 2007)
8. The Fratellis: "Vince The Loveable Stoner" (Costello Music, 2006)

9. Pop Levi: "Pick Me Up Uppercut" (The Return to Form Black Magick Party, reed. 2007)
10. The Sunshine Underground: "The Way it Is" (Raise the Alarm, 2006)

11. El Perro del Mar: "God Knows (You Gotta Give to Get)" (El Perro del Mar, 2006)
12. The Sounds: "Painted by Numbers" (Dying to Say This to You, 2006)

13. Noisettes: "Don't Give Up" (What's the Time Mr Wolf, 2007)
14. The 5.6.7.8's: "Harlem Shuffle" (Teenage Mojo Workout, 2002)

15. The Maccabees: "X-Ray" (NME Presents Essential Bands 2006)
16. Klaxons: "Isle of Her" (Myths of the Near Future, 2007)

Se o seu escritório, o seu automóvel, a escola dos seus filhos, o seu centro comercial, a sua estação de rádio ou os lavabos que frequenta não estão equipados com a Salada Mista Sem Tomate, faça-se ouvir. Proteste. Faça greve de fome. Contacte-me (é que continuo à procura de trabalho, sabe?).

Agora sim, o link para o que interessa. Aqui em baixo ou na barra do lado direito.

SALADA MISTA SEM TOMATE

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

23 fevereiro 2007

A Judite percebe o Hip Hop?



A Casa Blanca, empresa angolana de produção de espectáculos, fez publicar ontem, quinta-feira, na imprensa portuguesa o anúncio do cancelamento do Festival Hip-Hop Afroamericano (ver post anterior). Razão: a alegadamente escassa procura de bilhetes.

Oiço entretanto hoje, sexta-feira, que a Polícia Judiciária está já a investigar as actividades desta empresa. Segundo se sabe, há suspeitas de branqueamento de dinheiro. De resto, suspeitas comuns a muitos simples consumidores. Oxalá não estejamos perante um caso em que o mais inacreditável amadorismo possa ser entendido como indício de actividade ilícita.

A verdade, porém, é que cada contacto com a referida entidade angolana resulta numa estonteante miríade de situações absurdas. Instigado por um comentário no blog no programa Sociedade Civil (RTP 2) em que hoje participei, dediquei alguns minutos no site da Casa Blanca na internet a um suposto Festival marcado para Bruxelas. Sem data, apenas com nomes. Como o de Raul Indipwo, falecido em Junho do ano passado. Está aqui.

Muito honestamente, gostaria que este não fosse um caso de polícia. O que tenho a certeza é a de que é um caso estonteante e fascinante. Cujo desenvolvimento aguardo com, vá lá, moderada expectativa.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

21 fevereiro 2007

Sociedade Civil



A quem possa interessar:

Sexta-feira, dia 23 de Fevereiro, lá pelas 15h00, yours truly estará no programa Sociedade Civil, da 2:. Trata-se de uma emissão conduzida por Fernanda Freitas em que yours truly, Pacman (Da Weasel) e Rui Miguel Abreu (editor, jornalista e DJ) falam de hip hop, da música às correntes em metais preciosos e diamantes.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

19 fevereiro 2007

Uma pagina de Historia



Esta é uma semana em que Lisboa padece de alguma ansiedade. Não por o Benfica ser transmitido na televisão ou por Alberto João Jardim ter, como que num gesto de abnegação, pedido demissão do cargo de dono do arquipélago da Madeira. Lisboa está em polvorosa, isso sim, com a necessidade visceral se saber se no dia 22, 5ª feira, acontece ou não, finalmente, o Festival Hip-Hop Afroamericano no Pavilhão Atlântico.

Esta é, salvo erro, a terceira data agendada para este festival, cujos cartazes há alguns meses estão espalhados por Lisboa em garrafal dimensão. A imagem aqui reproduzida é a de um anúncio numa página inteira numa edição da passada semana de um diário desportivo. Como se poderá ver, o cartaz inclui 50 Cent, Akon, Busta Rhymes, Sean Paul (jamaicano, em boa verdade), Boss AC, Anselmo Ralph, Kalibrados e SSP. Se o festival acontecer, no dia 22 de Fevereiro ou em qualquer outro dia, parece ser um acontecimento, vá lá, histórico em Portugal. Nomes de primeira linha do hip hop norte-americano (numa perspectiva de popularidade), um português e três colectivos angolanos é coisa inédita.

O problema é, neste exacto momento, saber se o festival acontece, seja no dia 22 de Fevereiro ou em qualquer outro dia.

Falar de amadorismo poderia até soar arrogante e paternalista se a empresa que apresenta o evento, a Casa Blanca, não se auto-intitulasse, no seu site na internet, "A MAIOR COMPANHIA DE ESPECTÁCULOS DE AFRICA, UMA DAS MELHORES DO TERCEIRO MUNDO". Ipsis verbis.

O pior é que falar de amadorismo acaba mesmo por soar arrogante e paternalista. A única forma de escapar ileso a caluniosas acusações desse tipo é exprimir opinião, sem juízo valorativo. É o que farei, na forma de sugestões à empresa em questão:

1. Não abona muito a favor da credibilidade o adiamento sucessivo de um evento. Manda a prudência anunciar apenas o que é garantido.

2. Investir em publicidade televisiva, em páginas de desportivos e em outdoors de proporções cósmicas custa muito dinheiro. Além de ser prudente evitar multiplicar o número de campanhas pelo número de adiamentos, é importante encontrar designers e criativos que saibam fazer qualquer coisa ligada com essas funções. Evitar-se-ia, por exemplo, que um anúncio num jornal combine um imaginário tauromáquico com um outro de festa de aldeia em Agosto.

3. É simpático, e também importante do ponto de vista da despesa, aproveitar os anúncios já feitos para os adiamentos entretanto surgidos. Não é, porém, normal os anúncios conterem nesta altura a frase "Boas Entradas 2007".

4. Seja qual for a intenção que preside a uma coisa destas, não é aceitável que, nos citados anúncios, possa ler-se em rodapé: "PATROCINADOR: Você conhecerá no dia do festival". Transmite-se uma ideia muito clara de uma possível razão para os adiamentos.

5. Não é ideia brilhante anunciar, num site oficial, a realização futura de espectáculos de gente como Snoop Dogg, Nelly, Jay-Z, Nelly Furtado, Christina Aguilera, Jennifer Lopez, Ricky Martin, Craig David, Dr Dre, P. Diddy, Eminem, Janet Jackson, Destiny's Child, R. Kelly, Usher e... Michael Jackson. Sobretudo se as maiores produções até agora em mãos não andarem a resultar muito bem. Sugiro que se mantenham no site os artistas, que até são bons, mudando apenas o título da secção para "O Que Era Porreiro Era Contratar Um Destes".

Não sendo este um espaço de exercício da actividade jornalística, abstenho-me de fazer a investigação óbvia para o esclarecimento desta bizarria dos adiamentos do Festival Hip-Hop Afroamericano, garantidamente o mais importante de sempre em Portugal num determinado ponto de vista. Ficarei, no entanto, a acompanhar o desenlace do fenómeno. A ver se a coisa se dá na quinta-feira, por uma qualquer razão.

Até ao momento, os sites oficiais dos camones anunciados dizem não ter concertos agendados. Nem para 22 de Fevereiro nem para outro dia qualquer. Podem estar desactualizados.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

14 fevereiro 2007

Brevemente em todos os lavabos de todo o Portugal



Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

13 fevereiro 2007

Órgao de Soberania



A expressão que me ocorre, neste instante, é "vai lá, vai, e não leves a manta...". Esta coisa da necessidade compulsiva de ouvir música (nova) tem também coisas menos boas. Uma delas é a sensação de descoberta tardia de uma canção, um artista, uma banda. Ninguém gosta de sentir-se atrasado nesta matéria. Quer dizer, eu sou assim.

Por isso mesmo, tenho alguma dificuldade em conformar-me com o facto de só agora, ao segundo mês de 2007, dar atenção ao álbum Public Warning, de Lady Sovereign, "the biggest midget in the game". E havia razões mais do que suficientes para já o ter ouvido: a falta de resultados do trabalho com os Neptunes e o contrato assinado com a norte-americana Def Jam, comandada por Jay-Z, são bons exemplos.

Lady Sovereign havia já imposto a sua curiosa (ou como uma coisa tão pequena pode fazer um estardalhaço tão grande) presença quando em 2005 publicou o EP Vertically Challenged. Só que aí esta moça do tipo arrapazado andava ainda vagamente ligada à estética relativamente hermética do grime, tanto na versão The Streets como Kano. Neste seu primeiro álbum a sério, meus amigos, está um portento.

Ainda que mantendo uma atitude fiel à sua condição de inglesa de classe operária (há décadas que não vejo isto escrito), Lady Sovereign abre os horizontes e, subtilmente, aproxima-se do ideário conhecido de Jay-Z e da Def Jam. Ou seja, aquilo que muitos continuarão (com sentido) a ver como grime, outros tantos entenderão (igualmente com propriedade) a entender como hip hop. Basta que uns sejam ingleses e outros norte-americanos. Para quem se diz anã, Lady Sovereing mostra uma abertura que... "vai lá, vai, e não leves a manta".

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

09 fevereiro 2007

Diz-me que droga usas...



Por esta altura já o estimado leitor terá percebido que cabeça para escrever neste espaço é coisa que não anda por aí com fartura. Entre outros factores, há a necessidade primária de encontrar alternativas várias de sustento, cujo limite estará na actividade da venda do corpo. Segundo me parece, o mercado para pessoas com excesso de peso ainda não é compensador em Portugal.

Mas há, por vezes, fenómenos a que não é possível fugir, sobretudo se estivermos mais interessados na música e nos seus contextos do que no barulho das luzes. Não me estenderei muito na explanação da teoria. Não só porque ela não precisa de exaustiva demonstração como, a precisar, então que alguém como K-Punk o faça. O homem nasceu para isso.

Na sua mais recente edição, a estupenda XLR8R colocou na capa os Klaxons, uma das mais recentes descobertas tornadas possíveis graças à internet e a universos como o MySpace. Apesar da capa perturbadora para quem, como eu, se sente tão atraído pelo psicadelismo como pelas matemáticas aplicadas, colocar a banda britânica na capa da revista levanta questões interessantes. Desde logo, parece querer legitimar um movimento. E é aí que está o problema.

Vivian Host, editora da XLR8R, confessa que já desde o Verão passado ponderava a hipótese de dar expressão jornalística a esta vaga psicadélica que alegadamente tem nos Klaxons o expoente musical mais interessante e proeminente. Não o fez até aqui, é certo, mas desta vez cedeu à tentação de criar um fenómeno perfeitamente estéril. Diz Host, no artigo resultante de uma entrevista difícil, que os Klaxons retratam qualquer coisa como um movimento "new rave".

Vejamos: os Klaxons são uma boa banda. Muito boa, até, quando comparada com um punhado de coisinhas inofensivas que do Reino Unido anualmente surgem em barda. Mas são uma banda de rock com elementos punk e, ao que parece, um fascínio qualquer por aquele período tresloucado da transição dos anos 80 para os anos 90 do século XX. O período das raves, dos Happy Mondays e dos Stone Roses, do ecstasy e dos warehouses. Os Klaxons, estimado leitor, são três. O mais velho dos três tinha 10 anos quando todos os excessos se inscreveram na História da cultura popular.

Os Klaxons, em cujo álbum Myths of the Near Future se encontram de facto apreciáveis estilhaços sonoros dessa época de glorificação electrónica, têm também uma versão de "The Bouncer", original de 1992 do projecto Kick Like a Mule (onde esteve a génese da XL Recordings, editora dos Prodigy). Bouncer, caso o leitor não saiba, é a figura do porteiro de discoteca ou de uma qualquer festa, descontroladamente mitificada em Inglaterra ao longo dos anos. Partir desse facto, juntar-lhe um ou outro sample do período acid house e criar o movimento "new rave" é uma aberração. Acredite em mim, estimado leitor.

Que se saiba que, tal como o EP Xan Valleys, também o álbum Myths of the Near Future é um objecto de descoberta recompensadora. O que não tem sentido absolutamente nenhum é vender uma qualquer visão caleidoscópica do universo artístico lá porque a fusão de dois ou três elementos parece maravilhosa sob o efeito de um ácido.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

07 fevereiro 2007

Esclarecimento



Queira o leitor desculpar, se for caso disso, as minhas ausências vagamente prolongadas neste espaço. Justificam-se as ditas por haver, com alguma frequência, momentos em que nada conseguiria aqui escrever sem que o acto implicasse a partilha de visões profundamente acintosas daquilo que o universo tem mostrado ser. Terapia exorcista pública (ainda) não faz parte dos meus padrões de comportamento.

Dito isto, e remetendo-me para um post anterior, não quero deixar de afirmar publicamente que a campanha eleitoral relativa ao referendo sobre o aborto que mais me fascina é a protagonizada pelo Partido Humanista. É-me francamente impossível ficar indiferente ao amadorismo. E ao vídeo-amador. Defendam lá eles o que defenderem, têm o meu eterno respeito, para não dizer carinho.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.