05 junho 2006
Rock in Rio (Douro)
Acabou há pouco o único concerto do Rock in Rio Lisboa que vi do princípio ao fim e com um prazer inesperado. Obviamente, vi-o num aparelho de ecrã quadrado. Refiro-me ao concerto dos GNR, o último dos que decorreram no palco principal do festival.
Não era do domínio público que era "o" concerto dos 25 anos dos GNR, mas Jorge Romão, para mim de forma vagamente exagerada e moderadamente tola, fez por lembrá-lo várias vezes em alocuções à assistência de que não há memória noutras ocasiões. De qualquer maneira, Romão sai mais do que perdoado porque a ele lhe pertenceu um dos momentos mais bem sonantes do espectáculo, quando numa espécie de passagem para "Sub-16" trocou o baixo pelo berimbau. Mas que se saiba, então, que era "o" concerto dos 25 anos.
E foi uma coisa bem feita, para muitos curta mas do tamanho das coisas pop. Foi, como seria normal esperar, um voo picado sobre alguns dos pontos assinaláveis musical e comercialmente dos tais 25 anos. Não faltaram as proverbiais "Dunas", "Pronúncia do Norte" ou "Efectivamente", mas o final com o vetusto "Piloto Automático" deu um toque de requinte especialíssico. Como se fosse uma declaração de princípios, como se no livro de intenções estivesse a de dar uma punchline irónica a um concerto previsivelmente festivo em modo "best of".
Mesmo com Toli César Machado na guitarra, como que a materialização do segredado domínio que sempre exerceu no grupo, a coisa aguentou-se muitíssimo bem e, ao contrário do que aconteceu noutras ocasiões, soou tudo menos acacrónica. Rui Reininho, cuja idade não significa o amadurecimento da actividade de cantar (que não é o mesmo que ter boa voz), esteve no ponto que dele se pretenderá nesta altura. Nada titubeante, perfeitamente senhor do seu papel "envelhecido" e eternamente jocoso.
Começou o espectáculo de fato propositadamente desalinhado e chapéu que não deixaria de remeter para uns Madness (certamente resultado do imaginário mafioso que se encontra na revisão que os Guardiões do Subsolo fizeram de "Popless"). Aí confesso que o achei muito bem parecido, diria mesmo charmoso. E é aí que oiço: "Sabes porque é que achas que ele está com pinta? Porque está estilo Morrissey". Durante uns minutos achei que não havia relação entre as coisas. Mas agora já não tenho a certeza.
Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.
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