19 fevereiro 2007

Uma pagina de Historia



Esta é uma semana em que Lisboa padece de alguma ansiedade. Não por o Benfica ser transmitido na televisão ou por Alberto João Jardim ter, como que num gesto de abnegação, pedido demissão do cargo de dono do arquipélago da Madeira. Lisboa está em polvorosa, isso sim, com a necessidade visceral se saber se no dia 22, 5ª feira, acontece ou não, finalmente, o Festival Hip-Hop Afroamericano no Pavilhão Atlântico.

Esta é, salvo erro, a terceira data agendada para este festival, cujos cartazes há alguns meses estão espalhados por Lisboa em garrafal dimensão. A imagem aqui reproduzida é a de um anúncio numa página inteira numa edição da passada semana de um diário desportivo. Como se poderá ver, o cartaz inclui 50 Cent, Akon, Busta Rhymes, Sean Paul (jamaicano, em boa verdade), Boss AC, Anselmo Ralph, Kalibrados e SSP. Se o festival acontecer, no dia 22 de Fevereiro ou em qualquer outro dia, parece ser um acontecimento, vá lá, histórico em Portugal. Nomes de primeira linha do hip hop norte-americano (numa perspectiva de popularidade), um português e três colectivos angolanos é coisa inédita.

O problema é, neste exacto momento, saber se o festival acontece, seja no dia 22 de Fevereiro ou em qualquer outro dia.

Falar de amadorismo poderia até soar arrogante e paternalista se a empresa que apresenta o evento, a Casa Blanca, não se auto-intitulasse, no seu site na internet, "A MAIOR COMPANHIA DE ESPECTÁCULOS DE AFRICA, UMA DAS MELHORES DO TERCEIRO MUNDO". Ipsis verbis.

O pior é que falar de amadorismo acaba mesmo por soar arrogante e paternalista. A única forma de escapar ileso a caluniosas acusações desse tipo é exprimir opinião, sem juízo valorativo. É o que farei, na forma de sugestões à empresa em questão:

1. Não abona muito a favor da credibilidade o adiamento sucessivo de um evento. Manda a prudência anunciar apenas o que é garantido.

2. Investir em publicidade televisiva, em páginas de desportivos e em outdoors de proporções cósmicas custa muito dinheiro. Além de ser prudente evitar multiplicar o número de campanhas pelo número de adiamentos, é importante encontrar designers e criativos que saibam fazer qualquer coisa ligada com essas funções. Evitar-se-ia, por exemplo, que um anúncio num jornal combine um imaginário tauromáquico com um outro de festa de aldeia em Agosto.

3. É simpático, e também importante do ponto de vista da despesa, aproveitar os anúncios já feitos para os adiamentos entretanto surgidos. Não é, porém, normal os anúncios conterem nesta altura a frase "Boas Entradas 2007".

4. Seja qual for a intenção que preside a uma coisa destas, não é aceitável que, nos citados anúncios, possa ler-se em rodapé: "PATROCINADOR: Você conhecerá no dia do festival". Transmite-se uma ideia muito clara de uma possível razão para os adiamentos.

5. Não é ideia brilhante anunciar, num site oficial, a realização futura de espectáculos de gente como Snoop Dogg, Nelly, Jay-Z, Nelly Furtado, Christina Aguilera, Jennifer Lopez, Ricky Martin, Craig David, Dr Dre, P. Diddy, Eminem, Janet Jackson, Destiny's Child, R. Kelly, Usher e... Michael Jackson. Sobretudo se as maiores produções até agora em mãos não andarem a resultar muito bem. Sugiro que se mantenham no site os artistas, que até são bons, mudando apenas o título da secção para "O Que Era Porreiro Era Contratar Um Destes".

Não sendo este um espaço de exercício da actividade jornalística, abstenho-me de fazer a investigação óbvia para o esclarecimento desta bizarria dos adiamentos do Festival Hip-Hop Afroamericano, garantidamente o mais importante de sempre em Portugal num determinado ponto de vista. Ficarei, no entanto, a acompanhar o desenlace do fenómeno. A ver se a coisa se dá na quinta-feira, por uma qualquer razão.

Até ao momento, os sites oficiais dos camones anunciados dizem não ter concertos agendados. Nem para 22 de Fevereiro nem para outro dia qualquer. Podem estar desactualizados.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

6 comentários:

  1. A Casablanca Produções é obviamente uma máquina de lavar dinheiro de negócios ainda mais obscuros que o da produção de espectáculos.
    Posso garantir que o Sean Paul (ou Seham Paul como chegou a ser anunciado) não participará nem nunca esteve previsto participar em tal evento (até porque o management do artista nunca foi sequer contactado para tal). Presumo que os restantes artistas, com excepção talvez de Boss AC e dos africanos, estejam na mesma situação. E não é do meu ouvido, apesar de também ser um pouco mouco.
    PB

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  2. Sim senhor estamos a assistir o inicio da revolta daqueles injusticados pela vergonhosa desgovernacao dos governos do estado de lisboa sejam mesmo partido ou nao, uma Regiao,parcela de portugal, com a Madeira em que FOI RECONHECIDA PELO EUROSTAT COMO REGIAO DE SUCESSO E SEGUNDA MAIS RICA-GERADORA DE RIQUEZA PARA PORTUGAL, estar a ser instrumentalizada pelo Socrates e a sua escumalha TUDO PORQUE NUNCA CONSEGUIRAM VOTOS SUFICIENTES DOS MADEIRENCES!,e a isso nao nao foi aceite porque querem agora fazer de tudo para deitar abaixo a pessoa quem mais faz para e por Portugal.OBRA! Sim AJJ nunca foi um santo , diz sim asneiras MAs sera suficiente para o eleitorado madeirence o tirar da presidencia ? so por o achar malcriado? mas afinal queremos uma regial com desenvolvimento com sucesso com empregos ou pessoas que bem criadas/bem educadas mas que NADA FAZEM PELA REGIAO E SEU POVO ? PENSSEM !sim estou irritado e muito desiludido com esta materia porque Deus sabe o que ira acontecer de hoje para amanha, e quem vive numa Ilha insular como os Madeirences So o sabe como dificil a vida tem sido para chegar a este Patamar.

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  3. Caro PB:
    I rest my case.

    Caro anónimo:
    Identifique-se.

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  4. bem o suspense madeirense está desfeito...

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  5. A casablanca pode sempre re-remarcar o magnífico espectáculo para a Madeira.
    PB

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  6. Subscrevo a opinião.

    Enquanto anónimo transeunte, sinto-me a ser tratado como um atrasado mental cada vez olho para a traseira de um autocarro e vejo os cartazes publicitários do evento da Casablanca.

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