03 julho 2007

"And her hearing aid started to melt..." Vol. XVI

Sonotone do dia:



The Thrills: Teenager (Julho 2007)

Veredicto:

Não deverá ser fácil ser um aluno bem comportado quando a pressão social empurra para uma vida de bully. Nesta mesma lógica, não será fácil, perante a pressão para ser cool, assumir uma postura que, mais do que genuína, é verdadeiramente old fashioned nos objectivos que procura atingir.

Assim se explica que boa parte da produção britânica recente, precisamente a parte que tem como preocupação essa sinistra actividade de fazer "canções bonitas", tenha pouco que ver com epicentros históricos como Londres ou Manchester.

Esquecendo temporariamente que também os U2 dali vêm, transportamo-nos nesta ocasião para Dublin, Irlanda, para receber o terceiro álbum dos Thrills. E os Thrills, que podiam ser galeses ou escoceses pela indiferença perante alguns ditâmes estanques, não mais fazem do que belíssimas canções que poderiam acompanhar criações como as de Enid Blyton.

Salvo inesperado volte-face, os Thrills têm já o seu pedaço de céu assegurado por "Big Sur", incluída em 2003 no álbum de estreia, So Much for the City. Não precisariam de fazer mais qualquer canção, tamanho o descaramento com que aí se apropriaram de uma pop solarenga com patente registada na Califórnia para construir uma pequena peça de eternidade.

Não pensando dessa forma, o colectivo de Conor Deasy prepara-se para dar à estampa o seu terceiro álbum, Teenager, cujo título não deixa muitas dúvidas sobre o que encontrar no interior: combinações electro-acústicas uptempo que desenham estilhaços de felicidade, mesmo que apenas uma felicidade desejada, nunca concretizada.

Os Thrills continuam a ser só isto: uma banda despeitada porquanto é indiferente a comparações, uma banda terapêutica porquanto proporciona o contacto com realidades paralelas ao cinzento escuro, uma banda que não acorda a meio da noite a pensar se o sucesso viral no MySpace a fará ganhar a guerra da relevância estética em 2007. E é por isso mesmo, por se estarem manifestamente nas tintas para os riffs de guitarra que proporcionam orgasmos múltiplos na redacção do NME, que os Thrills são um docinho valioso.


75,8% de satisfação garantida.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

2 comentários:

  1. "Salvo inesperado volte-face, os Thrills têm já o seu pedaço de céu assegurado por "Big Sur", incluída em 2003 no álbum de estreia, So Much for the City. Não precisariam de fazer mais qualquer canção, tamanho o descaramento com que aí se apropriaram de uma pop solarenga com patente registada na Califórnia para construir uma pequena peça de eternidade."


    Exactamente. :)

    tenho que ouvir este novo disco.

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  2. Tinha-me escapado a saída do novo disco, thx...vou ouvir tb! Excelente blog, cumprimentos!

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