16 março 2007

É um festival (elogio)



Se, na altura em que o prezado leitor se cruzar com estas linhas, toda esta informação estiver já desactualizada ou incompleta, não se preocupe. Ela será, com toda a certeza, aumentada a conta-gotas em diversas publicações (online e offline), com recurso à provecta estratégia de divulgar aos bochechos para nunca perder espaço mediático.

Ora bem: há já tempo considerável que em Portugal se realizam festivais de música de todos os formatos e em praticamente todas as épocas do ano. Dentro de portas, ao ar livre, de rock, de jazz, de world music, o diabo a quatro. Numa perspectiva puramente pessoal, alicerçada somente no meu gosto, os que mais me interessam são, por assim dizer, os que se mexem dentro da coisa pop com alguma atenção sobre a coisa dita alternativa. Pelo menos hoje.

Nesse sentido, não é de hoje que considero ser o Festival de Paredes de Coura o mais consistente de todos os que se assemelham com a descrição acima colocada. Vê-se que há naquela organização quem gosta de música e sabe onde ela nasce, por onde se desenvolve, onde desagua e dá frutos. Que o diga quem todos os anos para lá se desloca em Agosto com a certeza de que vai, entre outras coisas, descobrir música nova, daquela que 98,7% do espectro radiofónico não pondera difundir.

Outros festivais, maiores do que o de Paredes de Coura, piscam amiúde o olho ao universo dito alternativo, bastando para isso, por exemplo, lembrar duas passagens inesquecíveis pelo Sudoeste: os Portishead e os Franz Ferdinand. No entanto, há sempre aquele ponto em que um cartaz resvala para o chinelo, numa óbvia cedência à ideia pré-concebida daquilo que significa dinheiro fácil. Exemplo? Jamiroquai.

Acontece que, nestes primeiros meses de 2007, volto a entusiasmar-me com um festival realizado abaixo do rio Douro. Obviamente, o Super Bock Super Rock. Descontado o bizarro formato em dois actos (concorrendo directamente com o Rock in Rio nessa matéria), o 13º Super Bock Super Rock parece, visto daqui e a esta distância, um acontecimento praticamente histórico. No tal universo dito alternativo, mesmo com uns flirts atrás do biombo que nos separa do mainstream, esta edição tem uma consistência assinalável no cartaz.

No momento em que escrevo estas linhas, o site da Música no Coração (aquele que aqui tomo como o veículo oficial) anuncia: Metallica (28 Junho); Arcade Fire, Bloc Party, Klaxons, Magic Numbers, The Gift, Bunnyranch (3 Julho); Maximo Park e LCD Soundsystem (4 Julho); Scissor Sisters, Interpol, Underworld (5 Julho). O que me faz lembrar alguns eventos do tipo que se realizam na Europa civilizada. Com alguma dose de risco e aparente apego pelos trilhos mais acutilantes da produção musical popular. Haverá, com toda a certeza, quem tenha opinião totalmente contrária a esta ("É só música que ninguém conhece...", ecoa nos tímpanos). Talvez esses se desloquem meses depois a um Coliseu dos Recreios para ver uns Klaxons.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

7 comentários:

  1. DEpois da desilusão de cartaz apresentado o ano passado no Sudoeste, convém que compensem a malta este ano!!!
    Nem sei se o Parque Tejo vai ter capacidade para tanta gente!!
    Beijo grande amigo Pedro.
    És o maior!!

    ResponderEliminar
  2. Realmente apenas tinha estado com atenção a Arcade Fire e Klaxons...Mas parece que o nome do festival este ano condiz muito bem com o cartaz.
    O problema agora será talvez decidir em que dia comprar o bilhete, ou tomar a decisão mais sensata e ir aos quatro dias. Não é todos os dias que se pode ver Maximo Park, Bloc Party, Klaxons, Arcade Fire, Lcd Soundsystem e Underworld... Estou confuso.
    Mas os últimos dois são mais prováveis. Ah, já agora uma coisa.
    Penso que serás o indivíduo que esteve no comando do Blitz aqui á coisa de 3/4 anos. Foi um belíssimo trabalho pá. Parabéns

    ResponderEliminar
  3. Leitor assíduo do Blitz, fiquei aborrecido quando deixei de poder ler a tua crónica.
    Foi muito bom ter encontrado o teu blog!

    Se não for pedir muito, gostaria de saber o que tens a dizer sobre o recém criado festival em Algés, que junta, por exemplo, Radiohead e os regressados Smashing Pumpkins. O cartaz deste ano tem bons nomes (para o meu gosto)... achas que poderemos contar com próximas edições? Ou vai ser mais um festival a desaparecer com o tempo?

    Continua a escrever!
    Parabéns.

    ResponderEliminar
  4. Pois. É tudo muito bonito mas a minha carteira também é um pouco "mouca"... gloriosos os tempos em que também se 'respirava' o SBSR a Norte. Agora não haja dúvida: este cartaz promete, mas tenho fé - salvo seja - que o nosso Coachellazinho lá para os lados do Minho consiga este ano novamente surpreender!

    ResponderEliminar
  5. Estimada Gigi: obrigado do fundo do coração, mas "o maior" só em volume.

    Estimado Palmeira: sou eu mesmo, o próprio, o da Bayer.

    Estimado James: obrigado pelas palavras. Sobre esse festival, interessa-me a primeira visita dos Beastie Boys a Portugal. À partida parece-me uma ainda não muito consistente, mas não arrisco previsões.

    Caro Sipo: wise words. Gostei desse "Coachellazinho" minhoto.

    Cheers!

    ResponderEliminar
  6. Grave erro.

    Perdão, estimada Sipo.

    Cheers!

    ResponderEliminar