17 março 2006

O estar quase...

Morrissey

A besta que vendeu a ideia de que um blog é uma espécie de diário informatizado é, precisamente, uma besta. Um diário, compêndio de escritos onanistas com interesse habitualmente reduzido para a população mundial, é coisa de gaja. Não é bom nem mau, é apenas coisa de gaja e não carece de actualização, sendo a dita perfeitamente dispensável quando trata de flirts e beijinhos.

Isto a propósito da dificuldade recorrente de actualização dos blogs em geral e deste em particular. Um blog quer-se vivo, daí a instalação da angústia quando a disponibilidade física e/ou mental não permite que se juntem palavras com nexo para partilhar com quem tem a condescendência de lê-las. Ora este espaço, que numa primeira análise se dedica à música e às miudezas circundantes, provoca no seu criador amiúde essa angústia.

No momento presente, por exemplo, bem gostava que factores interiores e outros cósmicos permitissem a dissecação escrita de discos assinados por gente como Andrew Bird, Arctic Monkeys, Bell Orchestre, Belle and Sebastian, Ben Harper, Beth Orton, Broadcast, Cat Power, Destroyer, DJ Shadow, Giant Panda, Heavy Trash, His Name is Alive (sim, é verdade...), Hot Chip, J Dilla, Jahcoozi, Jens Lekman, Kero One, Kiprich, Liars, Lindstrom & Prins Thomas, Maximo Park, Mogwai, Mudhoney (sim, é verdade...), Neko Case, Nightmares On Wax, Prefuse 73, Prince, Ray Davies (sim, é verdade...), Richard Ashcroft, Saint Etienne, Skalpel, Stereolab, Sway, Tiga ou Yeah Yeah Yeahs. É uma maçada, esta incapacidade de traduzir tudo o que se ouve em palavras. Pelo menos num tempo unanimemente considerado útil, quando as prosas parecem fazer temporalmente sentido.

Nem tudo são más notícias, no entanto. Concentra-se o signatário, nesta altura, na absorção compulsiva de Ringleader of the Tormentors, o novo álbum de Morrissey com edição agendada para 4 de Abril. Este, como se imagina a partir da leitura de posts anteriores, é um disco que passa à frente de todos os outros e que merecerá, muito em breve, tradução faixa-a-faixa neste seu humilde espaço. Para já, foi impossível contrariar a vontade de partilhar que o disco não é, nem de perto nem de longe, uma consequência (ou sequer uma sequência) de You Are the Quarry, que a produção de Tony Visconti é uma preciosidade que transporta o génio para universos díspares e que, afinal, felizmente Ennio Morricone não aplicou aqui os trâmites que partilhou com Dulce Pontes.

Às tantas esta é uma recriação de Morrissey, é qualquer coisa que cheira à sua estreia a solo, Viva Hate, disco vetusto mas de sempiterna grandiloquência. Não na forma nem no conteúdo, mas na intenção, na carga frequentemente épica, na desfaçatez com que o autor lida com a ditadura da moda. Ou muito me engano ou estou satisfeito.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

2 comentários:

  1. Fico a aguardar em pulgas pela próxima Morrisseylhada!

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  2. ouve là seu cabrão de merda!!!!! o disco é bom, para quê dizer tantos disparates e comparar este com o viva hate?????? burros, estupidos, até parece que so hà viva hate

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