26 março 2007

Diz-me em quem votaste...

Terminou agora mesmo a sessão final de Os Grandes Portugueses, da RTP, um concurso que felizmente não inclui provas de canto ou cultura geral.

Sinto-me, neste momento, na obrigação de anunciar para todo o mundo informatizado: não votei. Não admito que me peçam dinheiro (vulgo "chamada de valor acrescentado") para partilhar uma opinião.

Esclareço que não votei para que se saiba que não colaborei na eleição de Salazar como O grande português. Sei que, a partir daqui, olharei para todos os portugueses de soslaio, com a mais primária desconfiança, talvez mesmo com medo.

Talvez se devesse agora pensar na distribuição, com a Lux ou a Flash, de serviços de loiça, pareos e panamás com a inscrição "Eu não votei em Salazar". Só assim imagino possível que os portugueses consigam voltar a viver em conjunto e a viajar em grandes quantidades em transportes públicos sem o desenvolvimento de condutas violentas.

Pela primeira vez, sinto algum alívio por um avô meu já não estar vivo, sendo poupado a assistir a isto. Ele tinha, para a Ponte 25 de Abril, uma designação alternativa bastante eloquente: Ponte do Povo Famélico.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

PS: Queira o leitor desculpar a ausência de imagem deste post. É propositada.

6 comentários:

  1. votei em branco....
    mas a eleição de Salazar não espanta, o resultado é que temos o grande português que merecemos e provavelmente as contabilidade dos skins ficou nas lonas... valha-nos ao menos isso...

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  2. votar?
    e dar dinheiro à RTP?
    o salazar?
    preferia que ganhasse um mais fashion...
    abraço

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  3. Com um programa como este que tipo de resultado esperarias?
    Ora,façamos um exercício de lógica eleitoral: em primeiro lugar, para alguém eleger O grande português pressupõe-se que conheça muitos portugueses e de várias gerações; depois, pressupõe-se que o uso das suas capacidades cognitivas já seja devidamente completo para lhe permitir gerar critérios de escolha; finalmente e para encurtar o exercício, pressupõe-se que seja alguém que disponha de muito tempo para avaliar tanto português.
    Concluindo, quem reúne todos estes requisitos? O "aposentado", pois claro.
    É próprio dos homens e das civilizações o saudosismo da Idade de Ouro...

    Quando soube que não poderia votar no meu pai, ou em mimm como O grande português, desisti de acompanhar tudo isto :))

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    Gostei imenso das tuas opiniões e, sobretudo, do facto de escreveres bem, mesmo e realmente bem, daquele "bem" que percebe o significado das palavras "gramática", "ortografia" e "pontuação".
    Dás-me licença que crie um link do meu blog para o teu?

    Até breve,
    Sandrita Star

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  4. Estimados:

    Por não querer desperdiçar neurónios na elaboração de teorias sobre a eleição deste senhor neste concurso (já agora, quem saiu esta semana d'A Bela e o Mestre?), gosto mesmo é de ler as vossas. Não vos inibides.

    Estimada Sandrita:

    Ainda com a alma embargada pela soberba decorrente das tuas exageradas palavras, digo-te que seria um orgulho contar com uma alusão ao meu blog no teu.

    Cheers!

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  5. A vitória de Salazar é a prova que os que ainda acreditam num Estado fascista sabem e conseguem unir-se para chegarem aos seus propósitos, e isso é muito preocupante... Quanto a votar, pois concordo plenamente! Querem a minha opinião eu dou de graça, agora ser eu a pagar para dar a minha própria opinião, já me parece um bocadito demais...

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  6. A eleição de Salazar, na minha modesta opinião, não demonstra rigorosamente nada acerca da opinião dos portugueses. Mostra sim, que esta gente que se diz fascista e racista (que geralmente são uns bandalhos ignorantes) votou de forma massiva e militante no grande facínora. Esquecem-se porventura que se este país ainda estivesse afundado no miseravel mundo salazarista nao era preciso eleger O Grande Português, pois este seria, invariavelmente, Salazar. Ate os mortos votavam caraças

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