08 outubro 2005
Desemprego morre em Portugal
Por acaso calhou ser em dia de reflexão para as eleições autárquicas. Num sábado iniciado numa Loja do Cidadão, ocorreu-me aquilo que qualquer candidato a qualquer lugar político com poder desejaria anunciar: "Desemprego morre em Portugal". Pois bem, esta é a conclusão a que cheguei: não existe desemprego em Portugal.
No máximo, existirá aquilo a que pode chamar-se trabalho não-remunerado. Numa situação denominada de desemprego, o cidadão, colocado entre as honrosas instituições Finanças e Segurança Social, depressa conclui que nenhum governo o deixa sem trabalho. Ao canditatar-se, por exemplo, àquilo que é conhecido como o Subsídio de Desemprego, o cidadão está simultaneamente a arranjar trabalho. Muito trabalho. Imenso trabalho. Amiúde, trabalho inexplicável mas exigido.
Ora se esta tresloucada labuta é proporcionada pelo Estado mesmo quando advém da acção de privados, o Estado está a deixar os seus filhos sem falta de trabalho. Só me incomoda o facto de, por exemplo, há três anos ter abraçado convictamente esta oportunidade irrecusável e até hoje o Dr. Bagão Félix não me ter dado um cêntimo. Alegre-se, porém, cidadão! Isto não é desemprego! O desemprego não existe.
Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.
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