03 dezembro 2005

Carta ao gajo das barbas

CBGB

Caro gajo das barbas:

Vi, na semana passada, o objecto cuja capa aqui está reproduzida à venda numa das lojas daquela cadeia francesa castanha clarinha. Por manifesta falta de liquidez, trouxe apenas "Favela Funk", compilado por DJ Marlboro, mas aquele livro de capa negra não mais me abandonou a memória visual. Se não se importa, traga-mo este Natal.

O CBGB, oficialmente designado CBGB & OMFUG, é o mais lendário clube nova-iorquino dado às coisas musicais ditas underground. É um espaço que, desde a década de 70 do século passado, junta capítulos nada desprezíveis ao rol de intervenções artísticas feitas na cidade que não dorme. Da pop art ao punk, o CBGB esteve e está em toda a parte.

Pensado por Hilly Kristal como um clube para difundir country, bluegrass e blues (daí CBGB), adoptou posteriormente o sufixo OMFUG para aglutinar "Other Music for Uplifting Gourmandizers". Bruce Springsteen, Ramones, Patti Smith, Talking Heads, Blondie, Libertines ou Strokes são nomes de uma imensa História, agora imortalizados num livro de fotografia que apanha ainda visitas de gente como Andy Warhol e Allen Ginsberg.

"CBGB and OMFUG: Thirty Years from the Home of Underground Rock" é, portanto, um livro de fotografia. O meu amigo sabe como nós, os gajos que compulsivamente se dão à música, correm o risco permanente de parecer desinteressantes aos olhos dos restantes seres humanos. Eu não quero correr esse risco. Quero que, quando a Caras for lá a casa, encontre livros de arte ao lado de exemplares intocados da i-D e da Wallpaper. E os fotografe. Ajude-me, por isso, a cumprir este objectivo.

O livro vem com introdução do próprio Hilly Kristal e posfácio de David Byrne, que o meu bom amigo deve conhecer. E é publicado numa altura em se conhece o sufoco financeiro em que o CBGB se encontra, há meses ameaçado de fechar as portas. Nós não queremos isso, gajo das barbas. Ajude-me lá a ajudar estes gajos.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

3 comentários:

  1. sítio mítico com M maiúsculo, estive lá na passada 6ª feira e deixei um punhado de dólares de ajuda entre bebidas, entrada, t-shirt e LP. A ver se a coisa se salva.

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  2. Isso é que é serviço, Pedro.

    Gostava de fazer o mesmo.

    T-shirt já tenho, no entanto.

    Cheers!

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  3. o que achaste de favela funk?

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