29 setembro 2005

Uma chinada em fascículos

Navalhas Salvat

Vi na televisão e vi posteriormente em quiosques. Esta merda é verdade. Apesar de possuidor de um dos grandes defeitos do ser humano (a incapacidade de surpreender-se com o que quer que seja), o signatário da prosa está vagamente abalado. É que esta merda é mesmo verdade.

Vender em partes faqueiros de prata com jornais e coisas do género já era coisa perigosa, mas vulgarmente aceite. Um garfo tira um olho, é certo, mas é diferente se for um garfo com a chancela de uma qualquer revista de mundanidades. É outra coisa. "Como é que fizeste isso aos pulsos, pá?". "Olha, foi com aquela faca da Lux, da Caras ou da Vip ou lá o que é. Corta mal e não cumpri o objectivo de suicidar-me, mas aquilo tem classe".

Mas esta merda é mesmo verdade. Na foto pode ver-se aquilo que uma daquelas empresas especialistas na transmissão do vício das colecções está actualmente a promover e a vender. "Navalhas". Navalhas, precisamente. Não são de plástico, não são réplicas inofensivas, são navalhas. Pergunta simples à Salvat, no caso: qual é a ideia? A sério. Qual é a ideia desta merda?

Queria pedir, já que estamos nisso, uma colecção de armas de fogo clássicas. Verdadeiras e com opção "overpricing" de munições. Então não havia quem desse por uma AK-47 (old school, gangsta style, para o cenário...) uns €3,99?

No meio disto tudo, adoro uma canção, sobejamente cantada. É "Mack the Knife". Vou ouvir.

Mas isto pode ser do meu ouvido, que é 1 pouco mouco.

3 comentários:

  1. é uma pena é nem todas as pessoas olharem com olhos de ver para estas colecções...se abrissem os olhos na altura em que dão uns trocados por isto talvez se apercebessem de que há mais e melhores sítios onde gastar os ditos troquitos...

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  2. -Desculpem-me mas quem pensa assim não conhece. A cutelaria é uma arte e existem canivetes que são peças de joalharia. Coleccionar canivetes é como coleccionar isqueiros, pacotes de açucar. O uso que cada um lhe dá é que pode ser censurado. É uma colecção e como tal deve ser considerada.Um isqueiro queima, um raquete magoa em suma todos os objectos podem servir como arma.

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  3. Navalhas e canivetes nunca foram nem são armas, são ferramentas de trabalho, essenciais na maioria das artes e ofícios.
    A navalha é historicamente, desde a idade o ferro, a ferramenta mais essencial do homem. Se a evolução das ultimas décadas fez perder o seu enorme valor, não podemos ignorar a importância de um objecto tão fiel, pessoal e essencial desde à milhares de anos. À 100 anos atrás não existia uma profissão que não tivesse um canivete associado, na sua forma e função.
    Desconsiderar a navalha, a sua coleção e o seu valor é o mesmo que desconsiderar os seus antepassados que muito dificilmente saiam de casa sem ela no bolso.
    Uma navalha personalizada era o objecto mais valioso que qualquer homem tinha ainda à pouco no sec. 19.

    Sendo Português, sinto-me ofendido com o seu comentário, já que todo o nosso valor e evolução na história está muito associado à navalha, embora a recente ignorância que se instalou no nosso pais as faça ver como armas.

    Na sua perspectiva deve também considerar armas perigosas as facas de cozinha e de talho, já que é com elas que a maioria dos crimes com arma branca são cometidos.

    Dando-lhe uns exemplos que podem ajudar na sua cultura:
    Navalha de cocheiro; canivete de marinheiro; navalha de barbear; navalha de notário; canivete de enxertar; canivete de podar; navalha de seleiro; navalha de sapateiro; navalha capa-grilos de precisão; navalha de soldado; navalha de pescador; navalha do pastor; canivete de cesteiro; navalha com garfo; navalha saca-rolhas; navalha de picar; canivete de esfolar; etc, etc, todas elas diferentes, específicas e muito difíceis de fabricar na antiguidade.

    http://anavalhaportuguesa.blogspot.pt/


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